A relação entre atividade física e a prevenção de demência tem sido amplamente discutida por especialistas na área de saúde. Embora as pesquisas iniciais não ofereçam uma solução clara e universal, estudos recentes têm confirmado o impacto positivo da atividade física na redução do risco de demência, com destaque para os benefícios da prática regular e variada de exercícios. z2u5q
Especialistas sempre sugeriram que o exercício físico poderia ajudar a prevenir a demência, mas o entendimento sobre a intensidade, a frequência e os tipos de atividades mais eficazes eram, até recentemente, limitados. No entanto, três estudos de longo prazo publicados recentemente forneceram dados mais concretos sobre como o exercício pode ajudar na proteção contra a demência.
O exercício vigoroso parece ser o mais eficaz, mas atividades cotidianas, como tarefas domésticas, também têm mostrado benefícios significativos. Além disso, a atividade física pode ser especialmente importante para pessoas com histórico familiar de demência, oferecendo uma camada extra de proteção.
Um estudo publicado na revista Neurology em julho analisou 501.376 participantes do banco de dados britânico UK Biobank, com acompanhamento de 11 anos. Durante o período de observação, 5.185 participantes desenvolveram demência. Aqueles que praticaram atividades físicas vigorosas, como esportes ou exercícios, tiveram uma redução de 35% no risco de desenvolver a doença. Surpreendentemente, até as pessoas que realizavam tarefas domésticas de forma regular, como limpar a casa e organizar o ambiente, apresentaram uma redução de 21% no risco.
Sandra Weintraub, neurologista da Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, destaca que o esforço realizado durante tarefas domésticas pode ser comparado ao impacto de exercícios aeróbicos. Isso sugere que qualquer forma de atividade física, seja esportiva ou cotidiana, pode trazer benefícios à saúde do cérebro.
Outro estudo, publicado recentemente na Neurology, compilou dados de 38 estudos com mais de 2 milhões de participantes, que praticavam diferentes tipos de atividades físicas, como caminhar, correr, nadar, dançar e fazer exercícios na academia. A pesquisa revelou que aqueles que se exercitavam regularmente apresentaram um risco 17% menor de desenvolver demência, comparados aos que não se envolviam em atividades físicas.
De acordo com Le Shi, pesquisador da Universidade de Pequim, o mais importante é que as pessoas escolham atividades que gostem. A prevenção da demência não está limitada a uma única forma de exercício, e a prática de atividades variadas pode ser igualmente benéfica.
O estudo mais recente, que acompanhou mais de 1.200 crianças ao longo de 30 anos, mostrou que crianças com níveis mais altos de condicionamento físico apresentaram um funcionamento cognitivo superior na meia-idade. Isso sugere que cultivar hábitos de atividade física desde a infância pode ter um impacto positivo a longo prazo na saúde do cérebro, além de reduzir o risco de demência na vida adulta.
Esses estudos reforçam a ideia de que a atividade física regular, de qualquer tipo, contribui para a redução do risco de demência ao longo da vida. Não importa se o exercício é intenso ou se é uma atividade cotidiana, o importante é manter-se ativo. Mesmo em pessoas com histórico familiar de demência, a prática regular de exercício físico pode ser um fator importante de proteção.
A recomendação é clara: se preocupe com a saúde do seu cérebro, movimente-se e adote hábitos de exercício que se encaixem no seu estilo de vida. Seu cérebro, como parte do seu corpo, se beneficiará de qualquer esforço que contribua para a sua saúde geral.