Notícias do Tocantins - Enquanto o cidadão tenta sobreviver à falta de infraestrutura, saúde precária e promessas velhas com cara nova, a corrida política pelo controle do Tocantins em 2026 já está em pleno vapor. E não falta teatro. Nos bastidores, o jogo é bruto — e o palco são os recursos públicos. 6m4h52
O ano mal começou, mas o clima nos bastidores da política tocantinense é de eleição. A de 2026, diga-se. O que se vê é um movimento articulado, silencioso e estratégico para garantir bases, alianças e visibilidade. Governistas, opositores e os famosos “independentes” já estão na disputa, ainda que por baixo dos panos. Em tempos de redes sociais e emendas multimilionárias, o jogo político está mais digital, mais calculado e — para muitos — mais distante da realidade do povo.
No centro desse xadrez está o uso das chamadas emendas PIX — dinheiro público enviado diretamente aos municípios, sem muita burocracia. Um prato cheio para quem quer usar recurso público com cara de presente de político.
Quem está no páreo?
De olho na chapa majoritária de 2026, o senador Eduardo Gomes (PL) e o deputado Alexandre Guimarães (MDB) mantêm uma relação próxima com o Palácio Araguaia. Por outro lado, a senadora Professora Dorinha (UB), apesar de ainda ser considerada uma aliada da gestão estadual, vem sendo preterida pelo grupo nas articulações para o governo, o que tem gerado descontentamento e distanciamento.
O deputado federal Vicentinho Júnior (PP), que era um grande aliado do palácio, rompeu de vez e mira o Senado Federal com o forte apoio do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira (Podemos). Por sua vez, o senador Irajá Silvestre (PSD) é o grande rival do governador Wanderlei Barbosa, que tenta afastá-lo do cargo de qualquer maneira, e tentará a reeleição.
Por enquanto, não há uma bancada federal unida em torno do governador, o que pode abrir espaço para novas alianças de olho em 2026, sobretudo lideradas por Dorinha e o vice-governador Laurez Moreira (PDT).
Político virou influencer?
Com ou sem mandato, político hoje tem que saber “performar” nas redes. Deputados estaduais, federais, prefeitos e vereadores em busca de reeleição têm investido pesado em marketing digital. Cada requerimento, cada indicação, cada visita a gabinete é transformado em conteúdo para Instagram, TikTok e Facebook. E o povo? Muitos ainda veem nessas postagens um novo tipo de promessa: a digital, que chega rápido, viraliza, mas nem sempre vira realidade. A guerra de narrativas já está lançada, e quem tem mais verba, equipe e domínio da linguagem digital, larga na frente.
O povo no meio disso tudo
Enquanto isso, a população segue tentando entender por que tanta obra surge perto de eleição, por que tanta emenda cai do céu sem explicação e por que político só aparece com sorrisos e vídeos ensaiados. É um jogo de cena — e quem assiste, muitas vezes, nem sabe que está no roteiro como figurante. Cabe à imprensa fazer o papel de bastidor, revelar o que está por trás da maquiagem digital e questionar o uso do dinheiro público com cara de promoção pessoal.
Em 2026, o Tocantins vai escolher os novos representantes do povo. Mas a corrida já começou, com cada decisão política disfarçada de boa ação. Resta saber se o eleitor terá memória para separar quem trabalhou de quem apenas performou — e se a imprensa terá coragem de continuar mostrando o que muitos tentam esconder por trás das cortinas do poder.