Notícias do Tocantins - O ex-vice-prefeito de Caseara (TO), Gilman Rodrigues da Silva, de 47 anos, tornou-se réu por feminicídio após a Justiça aceitar denúncia do Ministério Público pela morte de sua namorada, Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos. O crime ocorreu em março deste ano, em uma chácara na zona rural do município, e ganhou grande repercussão por causa do pedido desesperado de socorro feito pela vítima por meio de mensagens e áudios em um grupo de WhatsApp. 2r5ii
A decisão foi proferida na quarta-feira (21) pelo juiz Marcelo Eliseu Rostirolla, da 1ª Escrivania Criminal de Araguacema. A denúncia aponta que Gilman agrediu brutalmente a companheira com um cabo de rodo após uma discussão motivada por ciúmes. A vítima sofreu diversos ferimentos na cabeça, ficou internada por mais de 20 dias, mas não resistiu e morreu no dia 11 de abril, no Hospital Geral de Palmas (HGP).
PEDIDOS DE SOCORRO
Durante a agressão, Delvânia conseguiu enviar mensagens e áudios em um grupo de WhatsApp, gritando por ajuda: “Socorro! O Gilman tá me agredindo!” Ela também compartilhou imagens que mostravam sinais visíveis de violência. Pouco depois, Gilman também usou o grupo para tentar “tranquilizar” os participantes, afirmando que estava tudo bem e que a companheira estava “descontrolada”.
O delegado José Lucas Melo, da 54ª Delegacia de Caseara, concluiu o inquérito no dia 11 de abril, indiciando Gilman formalmente por feminicídio. “As provas reunidas, incluindo laudos periciais e depoimentos, são contundentes. O crime foi cometido no contexto de violência doméstica, com requintes de crueldade”, afirmou. “A vítima foi atingida com extrema violência, e os laudos indicam que o primeiro golpe já teria sido suficiente para deixá-la inconsciente.”
CONTRADIÇÕES DO ACUSADO
A Polícia Civil identificou diversas contradições no depoimento de Gilman, que alegou legítima defesa. Ele se apresentou na delegacia de Paraíso do Tocantins no dia 25 de março, acompanhado de um advogado, e teve a prisão preventiva decretada em 3 de abril, após ser convocado para um novo depoimento. Desde então, está preso na Unidade Penal de Paraíso.
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HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA E FUGA APÓS O CRIME
As investigações revelaram que Delvânia não foi a primeira mulher a relatar comportamentos violentos por parte de Gilman. Em 2024, sua ex-esposa registrou um boletim de ocorrência por violência doméstica em Palmas. Há também relatos de outro episódio envolvendo Delvânia durante uma viagem ao Maranhão, em janeiro deste ano.
Segundo a polícia, após a agressão na chácara, Gilman fugiu para Palmas, onde ficou escondido com a ajuda de familiares. Em vez de socorrer a companheira ferida, apagou mensagens do grupo de WhatsApp e tentou minimizar a gravidade da situação. Delvânia só foi encontrada posteriormente por um caseiro da propriedade, já inconsciente.
JUSTIÇA SEGUE COM AÇÃO PENAL
Com o recebimento da denúncia, Gilman a a responder formalmente pelo crime de feminicídio, com agravantes previstos na Lei Maria da Penha. A pena pode chegar a até 40 anos de prisão.
O caso mobilizou a opinião pública e motivou manifestações. “Ela pediu ajuda. Ninguém acreditou porque ele dizia que estava tudo bem. Agora, ela está morta”, lamentou Maria dos Anjos, irmã de Delvânia, durante um ato por justiça realizado em Palmas.
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