Em 20 de agosto de 1989, o cenário de Beverly Hills foi abalado por um crime horrendo: o assassinato de José e Kitty Menéndez em sua residência. Os culpados? Seus próprios filhos, Lyle e Erik Menéndez. Este caso infame gerou um dos julgamentos mais discutidos da história criminal dos Estados Unidos, levantando questões sobre abuso familiar, herança e a dinâmica familiar. 5z3c1s
José Menéndez, um executivo cubano de sucesso, construiu uma carreira próspera e proporcionou uma vida confortável para sua família. Sua esposa, Kitty, deixou a carreira de professora para se tornar dona de casa, criando seus dois filhos: Lyle e Erik. Inicialmente, a família parecia viver o sonho americano, mudando-se de Nova York para um subúrbio de Gloucester, Nova Jersey, antes de se estabelecer em Beverly Hills, em 1986.
No entanto, por trás das portas fechadas, a realidade era diferente. Lyle e Erik alegam que cresceram em um ambiente abusivo, com o pai exercendo controle tirânico e, supostamente, cometendo abusos sexuais. O novo documentário da Netflix, O Caso dos Irmãos Menendez, lança luz sobre esses eventos sombrios, trazendo à tona detalhes perturbadores sobre o que os irmãos sofreram durante a infância.
Lyle revelou que foi abusado sexualmente pelo pai dos seis aos oito anos, enquanto Erik enfrentou essa tormenta de abusos por um período ainda mais longo, dos seis aos dezoito anos. Erik, em um momento de vulnerabilidade extrema, considerou até mesmo tirar a própria vida, acreditando que nunca conseguiria escapar da situação. Ele pensava que a vida universitária poderia ser uma oportunidade para se afastar, mas José insistiu que ele ficasse em Beverly Hills, impedindo qualquer chance de mudança.
Na noite fatídica de 20 de agosto de 1989, enquanto assistiam a um filme em casa, José e Kitty foram atacados por seus filhos. Armados com espingardas, Lyle e Erik dispararam contra seus pais. José foi atingido por seis tiros, enquanto Kitty, mesmo após ser ferida por nove disparos, tentou escapar, sendo mortalmente atingida por Lyle.
Após uma discussão acalorada entre os irmãos e o pai, Lyle decidiu que não podia mais permitir que Erik fosse alvo de abusos. Ele confrontou José, alertando-o que denunciaria o que estava acontecendo. Essa revelação culminou em um clima de tensão, onde Lyle acreditava que os pais poderiam matá-los em retaliação. "Acho que fui eu que falei que nós não íamos ficar esperando a morte. Tínhamos que encontrar formas de nos defender", afirmou Lyle.
Naquela noite, munidos de armas, os irmãos decidiram pôr em prática o plano que consideravam a única forma de escapar de um futuro trágico. Quando José se retirou para a sala de TV, Lyle correu para alertar Erik, que já estava preparado. "Nós tínhamos a munição e fomos carregando o mais rápido possível. Abrimos a porta com tudo e eu comecei a atirar", detalhou Lyle.
Os irmãos tentaram encobrir o crime, criando um álibi. Após o assassinato, eles foram ao cinema, onde compraram ingressos e se livraram das armas e das roupas ensanguentadas. Ao chegarem em casa, Lyle fez uma ligação para o 911, alegando que alguém havia matado seus pais.
Nos meses que se seguiram ao assassinato, Lyle e Erik desfrutaram de uma vida de luxos inesperados, gastando quase um milhão de dólares em viagens e bens materiais. No entanto, a investigação logo começou a levantar suspeitas sobre os irmãos, principalmente devido à súbita fortuna que herdaram.
A verdade começou a emergir quando Erik confessou os assassinatos a seu psicólogo, o Dr. Jerome Oziel. A revelação alarmou Lyle, que expressou sua intenção de eliminar o psicólogo. A preocupação do Dr. Oziel o levou a relatar a conversa à polícia, resultando na prisão de Lyle em 8 de março de 1990. Erik se entregou à polícia dias depois.
Os julgamentos dos irmãos Menéndez atraíram a atenção da mídia nacional, sendo transmitidos ao vivo. A defesa argumentou que os irmãos agiram em legítima defesa, temendo por suas vidas devido ao suposto abuso paterno. Em contrapartida, a promotores mostraram evidências de que os irmãos haviam elaborado um plano para ass seus pais e viver de suas heranças.
Os júris iniciais resultaram em empates, e em um segundo julgamento, com regras mais rigorosas sobre o testemunho de abuso, Lyle e Erik foram condenados por assassinato em primeiro grau e conspiração. Ambos foram sentenciados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Após sua condenação, Lyle e Erik tentaram apelar, mas suas solicitações foram negadas em várias instâncias. Enquanto cumpriam suas penas, ambos se casaram e mantiveram suas vidas em prisões separadas até 2018, quando se reuniram após mais de duas décadas.
O caso Menéndez permanece relevante na cultura popular, com várias produções, incluindo documentários e séries de televisão, explorando a história dos irmãos. O novo documentário da Netflix promete oferecer uma nova perspectiva sobre os abusos que os Menéndez enfrentaram, além de levantar questões sobre a responsabilidade parental e a complexidade das relações familiares.
O caso Menéndez levanta questões complexas sobre abuso, família e a natureza da justiça. A narrativa dos irmãos, marcada por alegações de trauma e abuso, se choca com a percepção de um plano premeditado para o assassinato e a busca por fortuna. O legado dos irmãos Menéndez é um lembrete sombrio de que, por trás de muitas histórias de crime, há camadas de dor e trauma que precisam ser exploradas e compreendidas.