Na Casa Lar, unidade de acolhimento para crianças e adolescentes, os pais ou cuidadores que chegavam na roda de conversa sobre educação não-violenta puderam encontrar a seguinte frase em um cartaz: “Só é possível educar uma criança com amor, amando-se”. 6c5033
O encontro foi realizado na sexta-feira (18), tendo como principal assunto a Lei Menino Bernardo n° 13.010, conhecida como “Lei da Palmada”, que proíbe o uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis na educação de crianças e adolescentes.
Segundo a psicóloga Kárita Monteiro, o autoconhecimento e a cura interna são processos fundamentais para promover uma relação mais saudável com os filhos. “A violência parte de feridas que eu tenho enquanto ser humano, quando é promovida a autorreflexão e a mudança em si, a pessoa com certeza irá pensar duas ou três vezes antes de ser agressivo”, disse.
Oportunidade de aprendizagem
Dentre os responsáveis presentes no evento, estava a dona de casa Francisca Nogueira, de 46 anos. Ela é madrasta de uma criança de 9 anos que se encontra acolhida temporariamente na Casa Lar. Para ela, o evento foi uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e de melhorar a relação com o enteado.
“Eu acho muito importante esse encontro, até para eu aprender a educar ele, porque ele não é o meu filho de sangue”, contou Francisca.
Responsabilidade e preocupação afetiva
Valdir Barros, 68 anos, acolhe quatro filhos que estão na fase da infância e adolescência, um deles conheceu na Casa Lar. Para manter as despesas do dia a dia, ele trabalha como auxiliar de monitoramento escolar e istra um ateliê de costura. Valdir relata que quando o assunto é educar, sempre tem algo para aprender e, por isso, não mede esforços.
“Coloquei eles na escola, estão morando em um local seguro, não falta alimento e tenho aquele cuidado, busco ensinar de uma forma amorosa, não brigo com eles, parei todo o meu serviço para vim aqui, porque sei que pode ter algo novo que eu preciso aprender e ar para os meus filhos”, disse o pai.
Quebrando o ciclo da violência
Ao todo, foram realizadas quatro rodas de conversas nos CRAS 1, 2 e 3 (Centro de Referência da Assistência Social) e na Casa Lar, na última semana, nos dias 17 e 18. A iniciativa faz parte do Selo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em que a prefeitura assumiu o compromisso de desenvolver políticas públicas pela infância e adolescência.
Participaram dos eventos 55 cuidadores de crianças e adolescentes, que, além de ouvir os educadores e psicólogos, se abriram para o diálogo e as formas alternativas e positivas de educar.
“Muitos casos que vêm para a Casa Lar é por causa de agressões. Infelizmente, ainda existem pais que acreditam que a força bruta é uma forma de ar autoridade e precisamos desconstruir essa imagem, educar de maneira consciente e com respeito e afeto”, informou a coordenadora da unidade de acolhimento, Luciana Alves.
Sinais de alerta
De acordo com a psicóloga, as crianças vítimas de agressões físicas ou verbais podem apresentar mudanças de comportamento, que, além de interferir no bem-estar dela, podem impactar em outras relações do dia a dia.
“Uma criança que antes era calma e começa a ficar irritadiça, chora com frequência e sem motivo, fica agressiva com facilidade. Na grande maioria dos casos, pode reproduzir a violência vivenciada em casa, batendo em colegas, irmãos e até nos professores”, explicou Kárita Monteiro.
Como denunciar?
Para salvar uma criança ou adolescente que está sofrendo violência doméstica ou ainda vivendo com os seus direitos violados, qualquer pessoa e de forma anônima pode ligar no disque 100. O canal recebe denúncias de violações dos direitos humanos. Outra forma é entrar em contato com o Conselho Tutelar de Araguaína, que atende por meio do telefone 3411 7003.